quarta-feira, 12 de março de 2014

Não é tarefa fácil recrutar um policial”, diz comandante da PM

Não é tarefa fácil recrutar um policial”, diz comandante da PM

Em visita a cidade de Chapecó, o comandante Geral da Polícia Militar de Santa Catarina, coronel Nazareno Marcineiro, recebeu a imprensa na manhã desta terça-feira (11). Em sua entrevista, ele comenta a situação do efetivo no Estado, garante a construção de um novo batalhão na região da Efapi e comenta sobre as ações que serão desenvolvidas na cidade com o fim da megaoperação deflagrada no município nas últimas semanas.
Foto: Luiz Barp/RedeComSC

O que a Polícia Militar tem feito para suprir a defasagem policial do Estado e região?
Coronel Nazareno Marcineiro - Nós temos nos esforçado muito para colocar todos os meios necessários em todos os lugares, seja de equipamentos, seja tecnológico ou de pessoas, para fazer da melhor forma possível o trabalho. No entanto, a herança que nós recebemos nos coloca nesse quadro. Nesses três anos que estou à frente da Polícia Militar passaram para a reserva remunerada, por já terem mais 30 anos de serviço, mais de 2.800 policiais. Para uma corporação que sempre tivemos 12 mil homens, isso significa quase ¼ do total.
É exatamente essa quantidade que recrutamos nesse período. Nós recrutamos para dentro da corporação em torno de 3 mil policiais. 800 deles estão em fase de formação em um estágio bem avançado, para se formarem em mês de julho, e quando acontecer isso vamos distribuí-los em todo o território de forma técnica e para atender a demanda.
Como será essa distribuição?
Nazareno - Entendemos que a distribuição deve ocorrer de forma que haja uma guarnição mínima de quatro policiais em cada município. Esse raciocínio se aplica bem para cidades pequenas. Já para as grandes entram em consideração outras variáveis, como malha rodoviária, IDH, índice de criminalidade e condições socioeconômicas de um município. [...] Não é tarefa fácil recrutar um policial. Para colocar no serviço exigisse um tempo de pelo menos um ano e meio. De formação são oito meses e os trâmites administrativos legais para recrutar e iniciar o curso demanda muito tempo.
E como está a formação de policiais no Estado?
Nazareno - Estamos com nosso potencial de formação saturado. Temos 800 homens e 200 mulheres em formação hoje, e 500 em fase final de recrutamento. Porém, antes de recrutá-los precisamos formar esses que já estão na academia.
Existe um plano para as cidades pequenas da região, que em alguns casos possuem apenas dois policiais?
Nazareno - Eu trabalho não com a lógica de ter policial, mas com a lógica de gerar segurança, que é bem diferente de ter um policial e não trabalhar a segunda face da mesma moeda, que é a percepção de segurança e a segurança real. Quando analisamos os fatos e os dados acerca desses lugares, você percebe que os indicadores são extremamente baixos de crimes e violência. [...] Nós temos os policiais lá. Não temos na quantidade que gostaríamos de ter, mas trabalhamos com a visão ampliada, que aborda, também, recursos tecnológicos que eles usam para ampliar o potencial do policial, de comunicação, viatura e armamentos. Também estamos trabalhando com a lógica de malha sobreposta de segurança, que é a complementação de recursos. Que muitas vezes não é do local, e que vem de locais próximos.
Sobre a construção de um novo batalhão na região da Efapi, como está esse processo?
Nazareno - Esse é um pleito da comunidade e passa a ser um compromisso meu. Enquanto eu estiver na corporação é um compromisso meu de fazer acontecer um segundo batalhão na região da Efapi. Eu vou buscar os meios necessários, os meios políticos e financeiros para termos o quanto antes.
Quando isso deve acontecer?
Nazareno - As pessoas vão sair desses cursos de formação, então não dá pra ter de uma hora pra outra. A hora que eles estiverem formados passaremos a agir, mas quero colocar um corpo administrativo o quanto antes.
O que é necessário para que ele funcione?
Nazareno - Precisamos de uma edificação que atenda a demanda e precisamos dos aparelhos necessários como em todos os escritórios, com gente para operá-los.
E o efetivo desse novo batalhão?
Nazareno - Normalmente a PM é estruturada assim: um pelotão em torno de 30 policiais, uma companhia dois ou três pelotões. Um batalhão com duas ou três companhias. Isso corresponde, em média, de 100 ou 120 policiais. Mas temos alguns batalhões com efetivo menor por conta da defasagem policial no Estado. A tendência desse batalhão ao começar a funcionar, já que ele irá interagir com outro batalhão dentro de um município, não é de um efetivo muito grande, mas com certeza acima de 50 policiais.
O Estado prevê a construção de um complexo socioeducativo em Chapecó com 60 vagas, porém a comunidade chapecoense solicita ao menos 200 vagas. O que a Polícia Militar pode dizer sobre isso, tendo em vista que muitas das ocorrências envolvem adolescentes na região?
Nazareno - O fato da criança e adolescente infrator é o principal problema do Brasil. O que vale dizer é que o problema não é do Estado e sim da nação. Portanto, precisa-se de um plano nacional. Quanto a gente trabalha só com a consequência, que é buscar lugar para encarcerar esse adolescente, nos repetimos o modelo que está em vigor. Se trabalharmos com a ideia de melhorar o problema aumentando o número de vagas onde vamos colocar esses menores, outros menores vem e vão saturar o local. [...] Por mais que aumente-se as vagas, jamais iremos chegar em um número ideal.
Após os 30 dias dessa operação que ocorre hoje em Chapecó, como será o trabalho da Polícia Militar?
Nazareno - Nós não vamos fraquejar. Nós vamos continuar trabalhando com muita firmeza e presença nas ruas, mesmo quando alguns especialistas que vieram trabalhar aqui estejam em outro lugar. A postura da polícia é não diminuir a intensidade da ação policial. Se tivéssemos começado isso a cinco anos atrás teríamos outro quadro. Porém todo dia é um bom dia começar.

Fonte: RedeCom SC

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