Bombeiros voluntários querem ser alternativa para a expansão dos serviços a mais municípios | ||
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Foto: Arquivo SCBV/SMJ
O Brasil registra, todos os anos, cerca de 200 mil incêndios. Já no trânsito, são milhares de acidentes que deixam mais de 40 mil mortos e de 180 mil feridos anualmente. Ao considerar apenas estas duas ocorrências, já se percebe a grande demanda reservada aos serviços de emergência. Contudo, em mais de 4.700 municípios, as ações de combate ao fogo, desencarceramento de vítimas, resgates e salvamentos diversos ocorrem de forma atrasada ou, no pior dos cenários, são negligenciadas, destruindo vidas e bens. Em 85% das cidades brasileiras, não há um posto de bombeiros e, quando uma emergência acontece, profissionais de localidades mais próximas - muitas vezes situadas a mais de 50 quilômetros de distância - são acionados para um socorro cuja expectativa limita-se a fazer o que ainda for possível. Apesar do esforço dos bombeiros brasileiros, muitas são as tragédias diárias nas quais vidas deixam de ser salvas pela ausência dos serviços. Não por acaso, a necessidade de incremento nos efetivos e no número de quartéis de bombeiros é uma das principais conclusões do projeto Brasil Sem Chamas, financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Coordenador da iniciativa, o engenheiro Civil José Carlos Tomina, que também é superintendente do CB 24 (Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio), da ABNT, alega que o cenário ideal compreenderia haver corpos de bombeiros em todos os municípios ou que eles fossem atendidos por corporações de cidades vizinhas em, no máximo, sete minutos. É para esta realidade que alertam os bombeiros voluntários, corporações que executam as mesmas tarefas de socorro, embora apresentem diferenças de organização com relação ao predominante modelo militar. Apesar de existirem em número pequeno no Brasil, na comparação com outros países nos quais são o principal modelo de bombeiros, os serviços voluntários reúnem cidadãos que dedicam-se à resposta emergencial sem nada exigir em troca, conquistando o respeito e a admiração da população, especialmente na Região Sul. Reportagem da Emergência conversou com bombeiros voluntários do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Paraíba e verificou um desejo comum: ser alternativa para a expansão dos serviços de bombeiros a todos os municípios brasileiros. "O que acontece hoje numa cidade sem bombeiros quando incendeia uma casa? As pessoas ficam assistindo sem nada fazer? Não, elas, de maneira certa ou errada, tentarão combater as chamas. O sentimento de solidariedade das pessoas perante os desastres é universal. Foi este sentimento que, no passado, fez surgir os serviços de bombeiros voluntários em grande parte da Europa e, de lá, para o resto do mundo, inclusive no Brasil. Por isto, entendemos que o bombeiro voluntário pode ser implantado em qualquer estado", afirma Alfieri Nicolau Freiberger, presidente da ABVESC (Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado de Santa Catarina). Apenas nos dois estados mais ao Sul do Brasil são 60 corpos de bombeiros voluntários: 28 catarinenses, afiliados à ABVESC e 32 gaúchos, afiliados à Voluntersul (Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul). Em 2013, foi oficialmente criada a ABVEB (Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado da Bahia), entidade que há cinco anos trabalha na expansão do modelo para municípios baianos e que, atualmente, está estruturada em cidades como Salvador, Catu, Gandu e Ubatã. Já na Paraíba, o Corpo de Bombeiros Civis e Voluntários do Estado, em implantação desde 2009, tem sede na capital, João Pessoa, e atuação em cidades próximas, como Bayeux, Santa Rita, Conde e Cabedelo. Além destes exemplos, há corporações individuais em outros estados, estruturadas após convênios com municípios, como em Santa Maria de Jetibá/ES e em Santos Dumont/MG. Sem salárioA essência do bombeiro voluntário é a não remuneração das equipes. Integram a linha de frente no socorro cidadãos de todas as camadas sociais, de diferentes formações, empregados no comércio ou indústria do município e também profissionais liberais e autônomos. Reportagem de Rafael Geyger Fonte: Revista Emergência |
terça-feira, 1 de abril de 2014
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